Livro publicado sobre decolonização na linguística é produzido por pesquisadora da UFSC
No dia 12 de setembro de 2023, o livro “Shades of Decolonial Voices in Linguistics” foi publicado pela editora Multilingual Matters. Trata-se do segundo volume da série de livros Global Forum on Southern Epistemologies, que se preocupa principalmente com a exploração de formas periféricas de enquadrar e conduzir estudos linguísticos tanto no Sul quanto no Norte Global, em que a principal preocupação não é apenas epistemológica, mas também política, educacional e social.
A atual edição argumenta que a Linguística como área do conhecimento foi moldada, entre outros, pelo contexto da colonização, demandando uma revisão crítica. A obra foi organizada pelo diretor de Estudos Africanos da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA) Sinfree Makoni, em parceria com o professor Ashraf Abdelhay, do Doha Institute for Graduate Studies (Qatar), a diretora de alfabetização familiar do National Center for Families Learning (EUA) Anna Kaiper-Marquez, a estudante de doutorado no Departamento de Linguística Aplicada, assistente de pesquisa do Global Virtual Forum e tutora do programa KAUST na Pennsylvania State University (EUA) Višnja Milojičić, além da professora associada da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Cristine Severo.
Segundo a pesquisadora da UFSC, “o livro se orienta por quatro perguntas chave: o que significa decolonização?; o que significa decolonizar a linguística?; por que decolonizar as linguísticas?; e como a decolonização da linguística é praticada?”. Um exemplo prático da colonização ainda presente é o apagamento simbólico da dimensão plural e multilíngue no Brasil, em prol de um imaginário monolíngue, afirma Cristine.
No âmbito da importância dessa discussão para a UFSC e outras universidades públicas brasileiras e suas políticas de internacionalização, a pesquisadora enfatiza: “Trata-se de pensar o multilinguismo como um direito não só linguístico, mas também social e político, o que pode implicar, na esfera acadêmica, o uso das línguas maternas e a dimensão multilíngue como elementos integradores do processo de produção, divulgação e apropriação de conhecimentos”. Além disso, “[a decolonização nas universidades] engloba, também, o uso e valorização de línguas não-hegemônicas no âmbito do que se entende por internacionalização, diz Cristine.
A série de livros faz parte do Global Forum, evento aberto e politicamente engajado, com encontros virtuais semanais/quinzenais e gratuitos, que visa promover o diálogo e a difusão de conhecimentos de diferentes áreas comprometidas com a relação entre Sul e Norte Global, a partir de uma visão crítica. A produção dos livros é baseada nesses diálogos que acontecem no fórum e, para ter acesso a fragmentos desses encontros, acesse sua página oficial.
Entrevista e notícia por:
Maria Fernanda Honório
Estagiária de Comunicação da Secretaria de Relações Internacionais (SINTER)
Estudante de Jornalismo da UFSC